top of page
  • Foto do escritorMariangela Nuernberg

Movimento Abolicionista do Brasil

Atualizado: 26 de nov. de 2020

A abolição da escravatura no Brasil é frequentemente retratada nos livros de história como algo que aconteceu de repente, como uma “boa ação” da Princesa Isabel, que chegou até a ficar conhecida como A Redentora. Porém, o processo que levou até a libertação dos escravos na realidade foi longo e resultado da ação de grupos abolicionistas e da resistência escrava.


Com as diversas revoltas dos escravos que marcaram o país no início do século XIX e o aumento do número de quilombos, o Movimento Abolicionista ganhou força no Brasil, unindo pessoas de diversas etnias e condições sociais para pressionar o Império e exigir o fim da escravidão. Incluíam-se religiosos, republicanos, elite política, intelectuais brancos, negros alforriados, homens, mulheres, dentre outros.


Além de promover as ideias anti-escravocratas na imprensa e em grupos culturais, os abolicionistas organizavam arrecadações para comprar a alforria de escravos, mandavam abaixo-assinados ao governo exigindo leis abolicionistas e lutavam por modificações nos projetos que estavam tramitando na Câmara.


Alguns nomes de grande prestígio na época e ainda muito bem lembrados hoje em dia emprestaram sua voz ao movimento, como Joaquim Nabuco, Castro Alves e a maestrina Chiquinha Gonzaga.


A participação dos abolicionistas negros também foi fundamental para o movimento, pois estes mostravam na prática como eram erradas as políticas escravocratas. É aí que destaca-se Luiz Gama, nascido livre, mas que foi escravizado dos 10 aos 17 anos, ao ser vendido pelo pai. Quando fugiu para São Paulo, alfabetizou-se por conta própria, estudou Direito, e passou a lutar gratuitamente nos tribunais pela liberdade de outros negros escravizados, conseguindo libertar cerca de 1000 pessoas.


Junto dele, outros nomes como André Rebouças e José do Patrocínio fundaram jornais abolicionistas e a Associação Brasileira Contra a Escravidão, para promover eventos a fim de espalhar ao maior número de pessoas os motivos pelos quais a escravidão deveria terminar.


Damos destaque também aos abolicionistas radicais da Sociedade dos Caifazes, liderada por Antonio Bento de Sousa e Castro, que incentivava e organizava fugas para os escravos, levando-os para o grande Quilombo do Jabaquara. Lá, os Caifazes ainda ajudavam os ex-escravos a encontrarem trabalho assalariado.


As diversas manifestações culturais e sociais do Movimento Abolicionista e as inúmeras revoltas dos escravos, foram fundamentais para gerar pressão popular no governo. Assim, em 13 de maio de 1888, a acuada Princesa Isabel assina a Lei Áurea, registrando a vitória dos escravos na longa batalha pela sua liberdade.

 

Para saber mais:


- Livro Flores, votos e balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88), de Angela Alonso, publicado pela Companhia das Letras;


- Quadrinho Província Negra, de Kaled Kanbour e Kris Zullo, publicado pela Gabaju Records & Comics;


- Vídeo Abolicionismo e fim da escravidão, do canal Nerdologia no YouTube;


- Vídeo Movimento Abolicionista e a abolição da escravidão no Brasil, do canal JT História no YouTube;


- Matéria Luís Gama: o primeiro grande líder negro de São Paulo, de Roberto Pompeu de Toledo para a revista Veja SP.

Comments


bottom of page