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  • Foto do escritorLuiza Azevedo

Lima Barreto

Atualizado: 10 de ago. de 2023

Afonso Henriques de Lima Barreto é um dos maiores nomes da literatura brasileira, contudo seus méritos só foram reconhecidos depois de sua morte. Nascido em 1922 em um país racista como o Brasil, sua trajetória foi marcada por rejeições e frustrações. Sua obra é carregada de críticas certeiras e de um humor zombeteiro. O autor morreu jovem, aos 41 anos, o que nos deixa imaginando o que mais sua genialidade nos ofereceria se tivesse vivido mais tempo e em uma sociedade que o acolhesse.


Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro no dia primeiro de novembro de 1922. Ambos seus pais eram filhos de pessoas escravizadas - sua mãe, Amália Augusta Barreto, era professora e seu pai, João Henriques de Lima Barreto, tipógrafo. Quando tinha seis anos, sua mãe morreu de tuberculose. Seu pai precisou, então, sustentar sozinho quatro filhos e com o tempo desenvolveu problemas psiquiátricos e foi internado. Dessa forma, Lima, o filho mais velho, teve que abandonar os estudos para cuidar dos irmãos.


Crítico ao Regime Republicano, o escritor era afilhado de Afonso Celso de Assis, o Visconde de Ouro Preto, figura influente no Império. O nome de Lima Barreto foi inclusive escolhido em homenagem ao Visconde. Essa relação lhe garantiu acesso à educação de qualidade durante sua infância. Assim como Machado de Assis, Lima Barreto era monarquista e via com muito desdém a Primeira República.


Sempre esteve muito presente em discussões políticas, sendo precursor na aderência a ideias comunistas e anarquistas no Brasil. Seus escritos sempre estiveram recheados de críticas sociais e seus personagens muitas vezes denunciavam situações vividas pelo próprio Lima Barreto. Foi pioneiro na denúncia da discriminação racial na literatura brasileira. A sua maneira, teve traços nacionalistas, ao rechaçar veementemente quaisquer estrangeirismos, o que atingiu até o bretão futebol.


Além disso, Barão do Rio Branco, símbolo reverenciado da diplomacia moderna brasileira, foi também alvo das sátiras de Lima Barreto. Seu personagem Visconde Pancome é uma representação do diplomata, Lima satirizava seus contemporâneos sem fazer questão nenhuma de esconder suas inspirações. O personagem em questão aparece em diversas das suas obras, com atenção especial em Os Bruzundangas, livro no qual ao satirizar o Brasil como um todo, Lima Barreto faz duras críticas à diplomacia brasileira e seu maior representante.


O gigante da literatura - autor de obras como Policarpo Quaresma, Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Clara dos Anjos, O Homem que Sabia Javanes, Os Bruzundangas, etc - tentou por três vezes entrar na Academia Brasileira de Letras (ABL). Todas elas frustradas. Na terceira e última vez desistiu antes mesmo das eleições. Em correspondência com Monteiro Lobato, um dos poucos autores contemporâneos pelos quais Lima Barreto demonstrou afeição, ele confessou sua desesperança com relação a alcançar uma cadeira na ABL.


A dura realidade que Lima Barreto teve de encarar durante a vida o levou ao alcoolismo. Passou por diversas internações em hospícios, nas quais chegou a produzir alguns de seus textos. Lastimavelmente, logo sua saúde se deteriorou e aos 41 anos Lima Barreto morreu em decorrência de um colapso cardíaco.

 

Para saber mais:



Foto: Monumento no centro do Rio de Janeiro, 2021, Wikimedia Commons

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