top of page
  • Foto do escritorCesar Henrique de O. Costa Jr

Levante dos Boxers e revoluções na China

Atualizado: 12 de ago. de 2023

É muito importante a influência das revoltas na história chinesa, uma vez que elas determinaram o padrão de crescimento da China no longo prazo, pois mantiveram os governos em xeque e, consequentemente, impediram que medidas mais arbitrárias fossem tomadas em determinados momentos. O mesmo se aplica ao Levante dos Boxers, que aconteceu no final do período imperial, entre 1899 e 1900.


Desde a primeira dinastia a unificar o território chinês até a última, não foram poucas as derrubadas por levantes populares. No século XIX não foi diferente. A Dinastia Qing já vinha em um grande período de decadência e por isso ocorreram diversas revoltas populares ao longo de todo o século, até culminar na queda do regime imperial, em 1911. O Levante dos Boxers foi a penúltima dessas revoltas, porém, ela teve uma característica diferente: seu foco não era derrubar o governo imperial.


A movimentação foi popular, anti-ocidental e anticristã, sendo liderada pela sociedade secreta Yìhétuán (义和团) — Punhos Harmoniosos e Justiceiros. Eles se opunham à expansão estrangeira no país e sustentavam que, com treino adequado, incluindo o ritual do boxe chinês, os seus membros poderiam vencer os ocidentais, que usavam armas de fogo. Tais armas eram exibidas como demonstração de força nas áreas rurais, a fim de recrutar homens jovens e desempregados em função da seca. O objetivo da rebelião, portanto, era expulsar os estrangeiros dos territórios chineses, o que os levou a receber um apoio dissimulado do governo imperial. O termo boxers foi adotado pelos estrangeiros ocidentais na China, em analogia ao seu boxe, para se referir aos rebeldes.


Em resposta ao levante, as potências ocidentais da Aliança das Oito Nações — Áustria-Hungria, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Rússia, EUA e Japão — enviaram cerca de vinte mil soldados para tomar a cidade de Pequim. Os boxers chegam a ser reforçados pelos soldados do exército imperial, mas mesmo assim são derrotados e a capital é tomada e saqueada, incluindo a Cidade Proibida. Esta situação força ao governo Qing aceitar os termos de rendição previstos pelo Protocolo de Pequim, o que seria considerado pelos chineses mais um dos tratados desiguais deste período.

 

Para saber mais:


- Livro The Search for Modern China, de Jonathan Spence, publicado originalmente em inglês pela editora W. W. Norton & Company;


- Matéria Os Punhos Harmoniosos e Justiceiros e a rebelião que balançou a China, de Rafael Sette Câmara para o portal 360meridianos;


- Artigo A critical survey of recent research in Chinese economic history, de Kent Deng, publicado em Economic History Review.

コメント


bottom of page