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  • Foto do escritorFelipe Vidal

Héctor Germán Oesterheld

Atualizado: 11 de ago. de 2023


Considerado hoje um dos roteiristas de quadrinhos mais importantes da história mundial, Oesterheld nasceu em 1919 numa Buenos Aires bastante diferente daquela onde viveria seu auge artístico. Filho de imigrantes, sendo seu pai alemão e sua mãe espanhola, o autor ainda conclui seus estudos em Geologia na Universidade de Buenos Aires antes de publicar seu primeiro produto artístico. Ainda que bastante singelo, o pequeno conto no jornal local La Prensa marcou o início de seus trabalhos literários.


Antes mesmo de obter qualquer prestígio, um ano após sua formatura universitária, o gênio casou-se com Elsa Sánchez, que viria a ser sua companheira de vida e de luta por toda sua passagem terrena. Reconhecida ativista pelos direitos humanos alguns anos mais tarde, Elsa foi parte por décadas da Associação Civil Avós da Praça de Maio.


Ao longo da primeira metade da década de 50, Oesterheld publicou seus primeiros quadrinhos e iniciou suas colaborações com Hugo Pratt, célebre artista italiano da nona arte. Ainda na mesma década, o autor se junta a seu irmão para fundar a Editorial Frontera, que viria a marcar época como um ponto de virada na publicação de quadrinhos locais.


Nesse novo cenário, Oesterheld criou alguns de seus mais célebres personagens, além de estabelecer parcerias memoráveis e duradouras com outros gênios da nona arte, como o também argentino Francisco Solano López e o uruguaio Alberto Breccia. Sem sombra de dúvidas, o maior êxito dessa empreitada editorial foi O Eternauta, que já foi publicado em diversos países até hoje e tem seu protagonista homenageado com uma estátua em frente ao Museu do Humor de Buenos Aires.


Crítico à subjugação colonialista latino americana desde suas primeiras obras, ainda que de forma sutil, o roteirista passou a se posicionar de forma ainda mais firme com o endurecimento dos regimes de repressão por essas bandas. Em 1968, publica Vida del Che, uma biografia em quadrinhos do idealista argentino Ernesto Che Guevara. Tal ato foi visto como subversão por censores da ditadura militar e cópias da obra foram queimadas após recolhimento de pontos de venda. No ano seguinte, Oesterheld reescreve e relança O Eternauta, dessa vez com um verniz muito mais político e crítico ao sistema.


A década de 70 acaba por ser definidora para a vida do artista, até mesmo ultrapassando o âmbito profissional. Habitando uma Argentina em convulsão social pelas sucessivas trocas de poder, repressões violentas e crises institucionais, Oesterheld decide se unir à organização guerrilheira Montoneros, a exemplo de suas filhas. Chegando a produzir diversas obras já em situação de ilegalidade institucional, o roteirista contou com as preciosas ajudas de seus velhos parceiros ilustradores, que se responsabilizavam pela publicação do material, como foi o caso de O Eternauta II.


Sua luta foi se tornando cada vez mais dolorosa com a perda de suas quatro filhas, capturadas, torturadas e executadas pelo regime, sendo duas delas grávidas. No ano de 1977, Héctor Germán Oesterheld foi sequestrado por militares, sob ordens do governo ditatorial vigente, e levado para um centro de detenção clandestino, onde foi visto pela última vez e supõe-se que tenha sido assassinado no ano seguinte, aos 59 anos.

 

Para saber mais:


- Livro Bienvenido: Um passeio pelos quadrinhos argentinos, de Paulo Ramos, publicado pela Zarabatana Books;


- Livro Los Oesterheld, de Fernanda Nicolini e Alicia Beltrami, publicado na argentina pela Sudamericana;


- Quadrinhos O Eternauta e O Eternauta II, de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López, publicados no Brasil pela Editora Martins Fontes;


- Quadrinho O Eternauta 1969, de Héctor Germán Oesterheld e Alberto Breccia, publicado pela Editora Comix Zone;


- Minissérie Germán, Últimas Viñetas, produzida pela TV Pública argentina.

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