O Paquistão não é exatamente um dos países que mais está presente nos noticiários por aqui, ajudando a reforçar os estereótipos alimentados pela ignorância, mas uma certeza que temos é que a maior parte de nós conhece ao menos uma personalidade de lá, ainda que não associemos imediatamente sua origem. Essa paquistanesa mais célebre da história recente é uma menina de 23 anos — que ganhou os holofotes ainda mais nova e por um motivo trágico e inspirador.
Malala Yousafzai hoje é figura frequente em simpósios pelo mundo sobre Direitos Humanos e foi a pessoa mais nova da história a receber o prêmio Nobel da Paz, mas sua trajetória para chegar até aí foi de pouco — ou nenhum — glamour e muito pautada na sua garra e esperança de um mundo melhor. É esse caminho cheio de peculiaridades, lutas e sonhos que o livro autobiográfico Eu sou Malala se propõe a contar. Best-seller mundial desde o seu lançamento, a obra é até hoje uma das mais lidas em suas mais diversas traduções e, apesar de alcançar perfeitamente o grande público, é capaz de tocar até mesmo os mais atentos às questões que historicamente afligem aquela região.
A jovem menina da etnia pashtun — predominante na região — teve seu direito à educação tolido no momento em que o Talibã tomou a região onde vivia e passou a proibir o ensino a mulheres. Seu pai era dono de uma escola particular local e Malala passou a transgredir as inaceitáveis regras do grupo extremista, vendo sua voz ganhar eco pelo mundo através de seus textos para a BBC Urdu a respeito da vida sob ameaça. Em determinado momento, sua coragem quase custou a própria vida, uma vez que sofreu uma tentativa de homicídio no ônibus a caminho da escola. A partir daí, Malala deixava de ser uma ativista local para se tornar um símbolo na luta de diversas frentes, destacando-se entre elas a questão dos refugiados, do feminismo e do direito à educação.
Título: Eu sou Malala (Original: I Am Malala)
Autoria: Malala Yousafzai / Christina Lamb (Tradução: George Schlesinger)
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.
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